domingo, 25 de dezembro de 2011

25 de Dezembro

Nunca se esquece este dia.
E apesar de não ter necessariamente que ser um dia inesquecível, é-o, quase sempre.

E no fim de contas, não fizemos nada de especial; não batemos nenhum record mundial, nem fizemos a nossa viagem de sonho. Na verdade, o mais provavel é que nem tenhamos descalçado as pantufas.

Não é preciso ir longe ou querer em grande para se ter tudo o que se precisa.

...O dia de Natal pode repetir-se, refazer-se ano-após-ano, ser sempre igual, que a gente não esquece nenhum.

E, afinal, o que fica retratado na memória são as mesas fartas de sorrisos, os sofás superlotados de calor e de carinho, os fatos-de-pai-natal e os corações e os olhos e o corpo dos miúdos aos pulos, desesperados por rasgar embrulhos!

Não me lembro em que Natal recebi aquele relógio caro que tanto queria, nem do Santo-Natal em que a minha avó não deu bronca com a ementa...mas lembro-me ao pormenor das coisas mais banais, e é dessas que tenho saudades.

É exactamente por ser uma data tão inesquecível que o Natal tantas vezes se torna uma data tão detestável.

...O tempo altera as circunstâncias, mas altera sobretudo as pessoas e as suas vontades.

O tempo seca as flores. Leva-nos a juventude e a vida de entes-queridos.
É...O tempo tira. Mas também dá. E, às vezes, dá a dobrar.
Traz-nos novos sonhos. Novos anseios. Novos amores...novas vidas!

O problema não é o tempo. O problema é o que as pessoas escolhem fazer com ele.

O problema são as pessoas que preferem coleccionar cólera. Rancor. Tristeza. Penitência.

Eu prefiro coleccionar e fabricar recordações felizes.
E é por isso que neste Natal não me saem da cabeça o sorriso dos meus avós, os gritos dos miúdos pela casa, as aparições do pai-natal, o aconchego da lareira...

Porque não pude acumular recordações felizes, hoje recordei, triste e repetidamente, a alegria e a união que o tempo e as pessoas levaram.

Às vezes a vida também é feita de recordações felizes.
E ao menos essas já ninguém mas tira!

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