terça-feira, 10 de novembro de 2009

E (novamente) depois?

- Depois, - diziam-me despreocupadamente, vezes sem conta - abres as asas e voas!
- Como se isso fosse assim tão fácil... - resmunguei - Será que não havia viv`alma capaz de compreender a minha agonia?

Parecia-me, de facto, um feito inalcançável: Como poderia a liberdade de um voo estar apenas à distância de um distender de asas?

Não. Não podia ser.

E as turbulências? E as tempestades? E o medo? E a solidão? E o desconhecido?

Será que não havia mais ninguém prudente à face da terra, além de mim mesma?

Bom, depois... a verdade é que, até hoje, não consigo entender que impulso me motivou.
Acordei, um dia, mais apagada e amarrada do que nunca. O Verão estava a chegar ao fim e parecia que até o tempo estava solidário comigo: tudo era cinzento.

Sentia-me como um passarinho depenado e sem graça, preso numa gaiola, para quem toda a beleza do mundo não passa de apenas uma miragem. Jamais poderia voar, jamais poderia respirar fundo e desfrutar, de facto, do paraíso que me reodeava.

Aconteceu de repente. Ou então não.

Confesso que, na altura, não foi por querer voar que me soltei.
A verdade é que continuava convencida de que isso era realmente impossível. Mas a oportunidade de correr de braços abertos para o vazio, sentindo só assim o vento a bater-me na cara e o cabelo a esvoaçar ao vento, pareceu-me completamente irresistível!

A gente às vezes, realmente, pensa demais!
E não é que não custou assim tanto?

Daí a experimentar os primeiros voos foi um instante!
Pois claro, ainda houve uns dias em que choraminguei, assim sem ninguém ver. Por mais que digam o contrário, não é de ânimo leve que se tiram os pés do chão e se ganha o hábito de viver sem a segurança que a terra firme nos transmite.

Reconheço que, até agora, os voos têm sido ainda instáveis, mas estou convencida que consigo apanhar o jeito!

Às vezes, quando ando lá bem alto por entre as nuvens, só consigo pensar: Será realmente preciso voltar a aterrar?

Engraçado...as voltas que a vida dá!

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