Disseram-me um dia que há alturas em que já não interessa de que lado nasce ou se põe o sol.
Depois de longas jornadas, de caminhadas sempre em círculo debaixo de raios de sol escaldantes que vão queimando até ferir o rosto e o corpo e até a alma, que importa de que lado vem a investida?
Urgente é desencantar um refúgio que nos proteja. Nesses tempos, qualquer buraquinho serve - lembraram-me.
Propuseram-me que, por exemplo, construísse uma cabana. Mesmo que frágil, assim feita dos destroços que for encontrando pelo caminho.
Aconselharam-me depois a permanecer abrigada, caminhando apenas na escuridão da noite, até que as feridas abertas voltem a fechar.
Prevejo tempos difíceis: a noite trás frequentemente consigo a solidão. Além disso é matreira, ludibria os caminhantes e as suas vontades. Envenena as mentes. Dizem até que só os mais fortes e determinados conseguem caminhar de noite.
E depois a gente sabe que a harmonia, a verdade e o amor só se ganham em plena luz do dia.
Só que, segundo me disseram, não estou em posição de poder escolher. Ou me recolho, ou os raios de sol irão consumir-me lentamente. Depois das feridas abertas, irão ressequir-me por dentro. Contaram-me - embora eu custe a acreditar - que se não me esconder, os raios transformar-se-ão em chamas e irão agoniar calmamente e sem pudor tudo de mim, até o coração.
Dizem que a gente sem coração não vive. E eu nisso até acredito. Por isso, não vá quem falou comigo ter razão, vou procurar um abrigo e tratar das minhas feridas.
Depois de longas jornadas, de caminhadas sempre em círculo debaixo de raios de sol escaldantes que vão queimando até ferir o rosto e o corpo e até a alma, que importa de que lado vem a investida?
Urgente é desencantar um refúgio que nos proteja. Nesses tempos, qualquer buraquinho serve - lembraram-me.
Propuseram-me que, por exemplo, construísse uma cabana. Mesmo que frágil, assim feita dos destroços que for encontrando pelo caminho.
Aconselharam-me depois a permanecer abrigada, caminhando apenas na escuridão da noite, até que as feridas abertas voltem a fechar.
Prevejo tempos difíceis: a noite trás frequentemente consigo a solidão. Além disso é matreira, ludibria os caminhantes e as suas vontades. Envenena as mentes. Dizem até que só os mais fortes e determinados conseguem caminhar de noite.
E depois a gente sabe que a harmonia, a verdade e o amor só se ganham em plena luz do dia.
Só que, segundo me disseram, não estou em posição de poder escolher. Ou me recolho, ou os raios de sol irão consumir-me lentamente. Depois das feridas abertas, irão ressequir-me por dentro. Contaram-me - embora eu custe a acreditar - que se não me esconder, os raios transformar-se-ão em chamas e irão agoniar calmamente e sem pudor tudo de mim, até o coração.
Dizem que a gente sem coração não vive. E eu nisso até acredito. Por isso, não vá quem falou comigo ter razão, vou procurar um abrigo e tratar das minhas feridas.